Em férias, encontrei-o no Arpoador. O Vaca estava sentado na areia, segurando um par de pés-de-pato. Era um tipo fanático. Às vezes estudávamos à noite, e, se parávamos para descansar, ele ia até a praia e corria meia hora enquanto conversávamos.
Ao me ver, propôs-me nadarmos até à Praia do Diabo, contornando a pedra pelo mar. -Não sei nadar bem.- argumentei, mas o Vaca ofereceu-me o pé-de-pato, para compensar. Disse ser fácil, e que o mar estava calmo.
Lançamo-nos na água. Mesmo sem nadadeiras, o Vaca ia na frente. No início foi fácil. Quando percebi, não via mais a praia de onde saímos, nem via a de destino. Apenas a pedra, forrada de mariscos cortantes, para a qual as ondas, menos amistosas que na areia, empurravam-nos.
Preocupei-me. De repente achei a empreitada maior do que minhas possibilidades, e não havia como voltar. Meio aturdido, chamei pelo Vaca, já distante.
- Aí!... O negócio aqui está esquisito! – não sei bem o que esperava; se apoio, socorro, ou uma orientação, mas chamei-o, enquanto via as ondas quebrando na pedra ameaçadora.
- Ô! Não dá pr’a ficar parado aí não! – respondeu-me, e continuou inabalável.
Vendo-me só com o problema, resolvi salvar-me, e pus-me a nadar de costas, pausadamente, persistentemente. Fui aos poucos me afastando da pedra, até que vi a praia, ainda longe. Quando a alcancei, minhas pernas estavam inchadas pelo esforço, e tremendo. Até hoje, mais de vinte anos depois, me envaideço da façanha, e, principalmente, desenvolveu-se em mim uma grande agudeza em perceber as situações nas quais não se pode ficar parado...
**clonado de e-mail remetido por um amigo, que mesmo não concordando sempre com as minhas opiniões, entende o que eu digo.
OBRIGADA, DENTINHO... ops, Carlos Rabelo!!
2 comentários:
Querida, que bom te "ler".
Agora terei inspiração sempre!!!
Mil beijos, saudades!!
venha sempre, minha amada!!
Isso me dá gana de escrever...
ah, se vc tiver tempo - bisbilhote os "escritos" mais antigos.
bjs, saudaaade!!
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