A história é verídica e curta.
Dura enquanto os dois caminham de uma esquina até a outra nesta rua - a rua da escola primária. Tudo fica literalmente entupido, mas os dois parecem não ligar... Assim, durante o pequeno percurso, eu os observo emocionada desde que cheguei aqui.
Há uma tocante cumplicidade que parece fazer parar o relógio; como se não houvesse horário a cumprir... como se mais nada existisse ou importasse. Além disso, conversam animados e permanecem olhando um para o outro.
Nunca os vi largarem as mão antes de chegarem na esquina - mesmo que um transeunte mais apressado os faça parar querendo passar entre eles, as mãos seguem unidas.
A esquina é um capítulo a parte nessa observação: ela é o ponto que liberta, que faz crescer, é a separação e a certeza de que estão juntos até mesmo quando estão separados.
O pai, sempre vestido de maneira formal, curva-se e beija com muito carinho o pequeno menino na testa, enquanto o filho coloca a mão no peito do pai – daqui de onde fico observando, parece que a criança toca o coração do homem - como quem dá uma benção; e só então largam as mãos.
Ali na esquina o pai fica parado, vigiando o caminho.
O menino segue saltitante para a escola, arrastando sua mochila de rodinhas.
Vejo o pai erguer-se nas pontas dos pés procurando o filho no meio da pequena multidão de alunos, professores e familiares... enquanto isso, o menino em seu uniformezinho azul e branco, vira-se de costas e abana para o pai. As vezes dá pulinhos para ser visto, as vezes manda beijinhos, as vezes faz aquele sinal de legal.
Uma ou duas vezes vi o pai mexendo nos bolsos procurando algo. Ah, sim... um celular. Mas porque não o atende?? Depois de alguns dias, percebo o mais lógico: está demasiado concentrado olhando o seu rebento.
Só quando já não é mais possível avistar o pimpolho, o homem respira fundo e retorna pela rua já vazia...
Passos largos; porque a vida espera.
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