Ele muitas vezes disse que a polivalência, no fim, não serviria para nada...
e de certa forma tinha razão. Ele sempre tinha razão!!
Mas alguns nascem sem um foco único... era então, o caso dela.
A religião e o teatro foram abandonados quando as pessoas que ditavam regras não eram capazes de segui-las. Os pinceis e as cores foram esquecidos dentro da caixa de madeira quando a repetição quis sufocar a criatividade entusiasmada. Os insistentes convites da dança foram todos ignorados quando parecia ser obrigatório usar o corpo fora do saiote. A assitência pessoal às grandes personalidades foi renegada tão logo foi percebido que ser secretária, em alguns casos, significava a obrigatoriedade de sentar no colo. O marketing e a mídia foram deixados de lado ao rever a idéia de diversão - e por mais incrível que pareça - até hoje não há concordância com o estilo "drogada e prostituída".
Não houve formatura - a graduação parecia enfatizar que as tecnicas de reabilitação eram menos importantes do que as patologias.
A "chef cousine" preferiu o clamor pela família perfeita, que na ocasião parecia ser a coisa certa.
A arte-educação não remunerava e trazia uma ciumeira que impedia aos atendidos o desabrochar. Fez pouco caso da imprensa por sentir o menosprezo...
E finalmente, mas não por último - este só na tumba - a intenção de agenciar pessoas foi sufocada quando compreendeu que as pessoas não querem ser dirigidas, mas sim acompanhadas nas suas tolices.
Ele tinha razão... a tal polivalência não serve de nada.
SIM... foi feita para as panelas... e tem orgulho disso - mesmo que isso também não sirva de nada.
SIM... tem vocação para empregada doméstica - recolhe tudo que está sujo, organiza incansáveis vezes os espaços, atende ao telefone e às visitas, estraga as unhas em troca da realização de um jantar. Deixa tudo impecável e adora ver TV na cozinha... porque ali não atrapalha ninguém.
SIM... fez opções pelo grupo preterindo as opções que trariam beneficio próprio.
SIM... sabe lavar, passar, cozinhar, dirigir... sabe medicar, acalmar, aconselhar e orientar tarefas escolares... sabe fotografar, pintar, bordar, esculpir (em terracota e em outros materiais sólidos)... sabe tricotar e executar inumeras técnicas artesanais... sabe usar instrumentos de marcinaria e elétrica... sabe criar pratos no estilo "fusion-cousine" e executa pratos da culinária internacional.. sabe usar técnicas de maquiagem e modelismo... sabe dançar diferentes estilos, sabe criar coreografias, sabe escrever textos em prosa e verso, sabe criar dentro da linguagem teatral, dirigir trupes, produzir, fazer figurinos e confeccionar roupas... sabe liderar equipes (independente das idades) e executa as tarefas solicitadas por qualquer pessoa com presteza... sabe organizar tournês e passeios pedagógicos... sabe palestrar e realizar tarefas de receptivo... sabe narrar, distorcer vozes, improvisar, interpretar e criar personagens... tem facilidade em video e razoável capacidade de comunicação em vários idiomas (sem domínio gramatical dos mesmos)... sabe usar inúmeros programas ligados a tratamento de imagem e som, faz pesquisas, observações técnicas, relatórios, súmulas e sabe estenografar... tem bom relacionamento inter-pessoal (capaz de captar informações e contatos até de desconhecidos) e uma diversificada rede de relacionamentos nos mais variados meios... tem credibilidade entre seus colegas, ex-alunos e pares.
TUDO ISTO ESTÁ COMPROVADÍSSIMO!!
No entanto, a polivalência no presente momento não se faz necessária, não é o dom mais importante.
SIM... garantir o suporte a individuos em formação é a real vocação e o foco primordial. SIM... não há porque querer ser polivalente.
PARA QUÊ!!?? Já há destaque suficiente na sua existência humana...
UM VIVA ÀS PANELAS!!
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